A MALDIÇÃO DA CADEIRA
A sala é ampla, e iluminada, sem necessidade das luzes de neon embutidas no teto. Das janelas vê-se a torre de Televisão e um estacionamento. Arte plumária nas paredes, onde se destaca a fotografia de um militar sisudo e olhar sereno*, um sofá preto rodeado por duas poltronas da mesma cor e um mesinha no centro evocam ambiente familiar. Em frente, uma larga mesa ladeada por dois telefones e um computador. Atrás da mesa, de costas para rua, lá está ela. Espaçosa, giratória e, maldita.
Trata-se da cadeira que ao longo de mais de 25 anos vem servindo os sucessivos presidentes da Fundação Nacional do Índio, em Brasília. Não importa quem seja escolhido para sentar-se naquela cadeira. Ela não perdoa. Arruina a todos. Desidrata as reputações e atira os corpos na vala comum do túmulo da História. Até mesmo aqueles que se recusaram a ocupar a cadeira e foram despachar dentro de um quarto de hotel terminaram sua carreira devorados.
É como se os hekuras do povo Yanomami, o Tupã dos Guarani e os deuses que protegem os povos ofendidos tenham lançado a maldição a todos aqueles que porventura ousassem ocupar a cadeira.
Só pode ser essa a explicação. Tal a famosa esfinge ela parece dizer "decifra-me ou devoro-te". E lá vai ela derrubando a todos sem qualquer preconceito. Pouco importa a ideologia de seus ocupantes. Todos eles, ao tomarem assento se tornam vulneráveis. E nenhum deles conseguiu completer um ciclo inteiro. Ou seja, nenhum deles sobreviveu aos governos que os nomearam.
Há também aqueles que de tal forma se apegam à cadeira que se recusam a abandoná-la. Tentam se segurar de qualquer maneira, nem que para isso seja necessário rasgar suas biografias. São o melhor exemplo de almas penadas a vagar entre um cargo e outro nos corredores de uma construção que por si ó já demonstra o descaso da política indigenista praticada por todos os governos. Sem exceção. A sede da Fundação Nacional do Índio é um cortiço. Fiação elétrica à mostra, goteiras, vazamentos, suja, mal-cheirosa.
Vamos aos exemplos. Acalmem-se, não vou aqui desfiar a infindável lista dos presidentes da Funai. Seria entediante e repetitivo. Vamos citar apenas alguns casos emblemáticos das duas últimas décadas.
Comecemos pelo "famoso" sertanista Sydney Possuelo. É o melhor exemplo de alma penada. Seu maior pecado é a vaidade. Quando presidente da Funai queria receber um prêmio internacional. De preferência o Nobel da Paz. Mas, sabedor da dificuldade de convencer os suecos, queria o prêmio Global 500, o mesmo que foi conferido ao sindicalista Chico Mendes, assassinado em 1988. É um prêmio concedido pela ONU. Possuelo chegou a insinuar a jornalistas a necessidade de se fazer uma campanha em favor de seu nome. Essa história ninguém me contou. O jornalista a quem ele fez o pedido sou eu. Estávamos no meu restaurante preferido quando ele tratou do assunto. Desconversei. Mas ele, finalmente conseguiu um. O de Príncipe das Astúrias, concedido pelo rei da Espanha. Não a comenda mais alta. Uma outra significativa, mas de menor "valor". Resultado, menos de uma hora depois de receber a comenda, ele a perdeu dentro de um taxi em Madrid. Nem precisa ser um profundo conhecedor das teorias de Freud para explicar a perda.
Durante sua administração, o Governo demarcou a Terra Yanomami. Sydney Possuelo até hoje canta aos quatro ventos essa vitória como se fosse fruto conquista sua e não resultado de uma campanha que contou com apoio internacional e chegou a mobilizar até mesmo o Congresso dos Estados Unidos.
A cadeira estava lá, girando a toda velocidade, pronta a derrubá-lo. E a queda veio por excesso de vaidade. Por se achar insubstituível, mandou três cartas de demissão ao ministro da Justiça, seu chefe. Na terceira, o ministro considerou um excesso. E, demitiu. Sem choro, nem vela. E Possuelo assumou o status de chefe do Departamento de Índios Isolados, cargo que ele considerava vitalício. A historinha vem na seqüência.
Seu substitute foi o indigenista Cláudio Romero. Polêmico, controverso mas, nunca, nunca mesmo, usou qualquer uma de suas funções para promoção pessoal. Pode-se discordar de suas posições, mas todas elas foram sempre em defesa dos povos indígenas com os quais trabalhou. Caíu da cadeira mais por qualidades do que por defeitos. E a cadeira ficou lá, intacta, pronta a devorar mais um.
Vamos dar um salto no tempo e chegar ao governo do presidente Lula. O primeiro dirigente escolhido para a Funai foi o jornalista Eduardo Almeida. Detentor de uma história sem senões, Eduardo não conseguiu ficar um ano inteiro sentado na cadeira.. Ele não caiu. Escorregou, tão devagarinho, que poucos perceberam que estava de saída. Sua administração foi marcada pela tibieza, pela pusilanimidade. Para não se inimizar com nenhum dos grupos que controlam a Funai, não reagiu sequer à indisciplina de seus subordinados, entre eles, Sydney Possuelo que, simplesmente se recusava a ir ás reuniões do presidente (claro, reunião de presidente, no seu universo psicológico era ele com ele) com os diretores. Possuelo jamais foi, sequer, cobrado pela insubordinação. Além disso, convidou colaboradores totalmente inexperientes e fazia vista grossa ás pequenas corrupções, como por exemplo, o passeio de uma de suas diretoras, usando o avião oficial (ou seja, pago pelo povo brasileiro) para um fim de semana aprazível no Parque do Xingu, sonho de muitos que acreditam que ali é um lugar romântico e que vão se tornar personagens vivos do romance Quarup de Antonio Callado.
Esse caso ninguém me contou. Fui testemunha. Assessorei Eduardo Almeida por 168 dias e pude ver sua cadeira se mover lentamente porque nem precisva girar tanto para derrubá-lo.
Almeida deixou seu lugar para um antropólogo. Mércio Pereira Gomes. Intelectual, livros publicados, doutorado na Universidade da Flórida e que se pretende um sucessor do genial Darcy Ribeiro. Não demorou muito e a cadeira lhe subiu à cabeça. Está quase para atingir o recorde da cadeira (por enquanto, nenhum dos presidentes conseguiu se igualar ao tempo de permanência dos generais da época da ditadura militar).
Pois bem entrando no terceiro ano á frente da Funai, Mércio que antes de sentar-se na "maldita" sempre foi um ardoroso defensor das terras indígenas, fez uma declaração na qual, para a perplexidade de todos, diz que é preciso limitar a a extensão territorial dos índios e que só o Supremo Tribunal Federal pode estabilizar essa demanda.
O próprio Mércio desmentiu os jornais. Estava propensa a acreditar mas, essa declaração não chegou sozinha, não nasceu de geração espontânea. Ela foi precedida por ação concreta. Mais explicitamente, pelo acordo negociado por Mércio Gomes com fazendeiros e madereiros para a redução de parte do território do povo Kaiapó na area denominada Baú, no Pará. Ou seja, a declaração tem sua face de verdade.
Imediatamente depois, Sydney Possuelo declara guerra a Mércio. Do alto de sua fama, diz que Mércio é tutor infiel. A resposta foi imediata. Sydney é destituído do cargo de chefe do Departamento de Índios Isolados - no qual ele jamais admitiu divider espaço com sertanista tão valorosos quanto José Meirelles, que agora o sucedeu- e desencadeou campanha imediata de antropólogos que integravam o Conselho Indigenista da Funai. Dois desses antropólogos, por questões éticas, não deveriam ter assinado a carta ao ministro na qual renunciam o cargo de conselheiro: Isa Pacheco e Gilberto Azanha. A primeira porque foi diretora do Departamento Fundiário da Funai quando Possuelo era presidente; Gilberto porque firmou contratos entre a organização não governamental que dirige (CTI- Centro de Trabalhos Indigenistas) e a Funai dirigida por Possuelo. Como todos sabem essas organizações sobrevivem financeiramente com doações internacionais por causa dos convênios assinados com órgãos públicos. Ou seja, são não governamentais apenas porque juridicamente não prestam contas ao Estado.
Esses mesmos conselheiros se calaram quando Mércio concordou com a redução do terrtitório Kayapó. Com isso, o protesto chegou quase com letras desbotadas. Mas, Mércio, está pronto a ser submetido ao ritual da cadeira. Já não consegue ficar sentado com segurança. E era esse o objetivo de Possuelo, que quer deixar de ser alma penada e ressuscitar para se vingar da cadeira.
Vocês devem estar pensando, ora se o problema é a cadeira, basta atirá-la no lixo para que todos os males se evaporem. Não. A cadeira só entrou na história por concessão poética. Ela é fria - porque nem de couro é - e não tem poder nenhum. Mas todos que a usam tornam-se imediatamente subservientes aos interesses que dilapidam o patrimônio indígena, exterminam povos inteiros e liberam as riquezas da terra à cupidez capitalista. Fruto de um Estado nacional incapaz de traçar uma política indigenista minimamente aceitável. Até porque não tem política nenhuma.
Mas o que é que se pode esperar de um país onde o governador de uma das mais miseráveis unidades da federação, que no momento enfrenta a seca que mata de sede a terra e os homens, diz que nao pode comprar um carro-pipa para distribuir água porque não tem recursos e, ao mesmo tempo, financia uma escola de samba de São Paulo para que o tema do desfile de Carnaval fale das maravilhas do estado? Nada a esperar. Nem a declarar. Refiro-me ao Piauí, governado por Wellington Dias, do Partido dos Trabalhadores.
Guardem esse nome. Um dia ele epode pode não ser eleito e, quem sabe, tornar-se mais um candidate á cadeira maldita. A Funai sempre foi um depósito de rejeitados da política partidária brasileira, não é, Mércio?.
Memélia Moreira
*Marcehal Rondon
A sala é ampla, e iluminada, sem necessidade das luzes de neon embutidas no teto. Das janelas vê-se a torre de Televisão e um estacionamento. Arte plumária nas paredes, onde se destaca a fotografia de um militar sisudo e olhar sereno*, um sofá preto rodeado por duas poltronas da mesma cor e um mesinha no centro evocam ambiente familiar. Em frente, uma larga mesa ladeada por dois telefones e um computador. Atrás da mesa, de costas para rua, lá está ela. Espaçosa, giratória e, maldita.
Trata-se da cadeira que ao longo de mais de 25 anos vem servindo os sucessivos presidentes da Fundação Nacional do Índio, em Brasília. Não importa quem seja escolhido para sentar-se naquela cadeira. Ela não perdoa. Arruina a todos. Desidrata as reputações e atira os corpos na vala comum do túmulo da História. Até mesmo aqueles que se recusaram a ocupar a cadeira e foram despachar dentro de um quarto de hotel terminaram sua carreira devorados.
É como se os hekuras do povo Yanomami, o Tupã dos Guarani e os deuses que protegem os povos ofendidos tenham lançado a maldição a todos aqueles que porventura ousassem ocupar a cadeira.
Só pode ser essa a explicação. Tal a famosa esfinge ela parece dizer "decifra-me ou devoro-te". E lá vai ela derrubando a todos sem qualquer preconceito. Pouco importa a ideologia de seus ocupantes. Todos eles, ao tomarem assento se tornam vulneráveis. E nenhum deles conseguiu completer um ciclo inteiro. Ou seja, nenhum deles sobreviveu aos governos que os nomearam.
Há também aqueles que de tal forma se apegam à cadeira que se recusam a abandoná-la. Tentam se segurar de qualquer maneira, nem que para isso seja necessário rasgar suas biografias. São o melhor exemplo de almas penadas a vagar entre um cargo e outro nos corredores de uma construção que por si ó já demonstra o descaso da política indigenista praticada por todos os governos. Sem exceção. A sede da Fundação Nacional do Índio é um cortiço. Fiação elétrica à mostra, goteiras, vazamentos, suja, mal-cheirosa.
Vamos aos exemplos. Acalmem-se, não vou aqui desfiar a infindável lista dos presidentes da Funai. Seria entediante e repetitivo. Vamos citar apenas alguns casos emblemáticos das duas últimas décadas.
Comecemos pelo "famoso" sertanista Sydney Possuelo. É o melhor exemplo de alma penada. Seu maior pecado é a vaidade. Quando presidente da Funai queria receber um prêmio internacional. De preferência o Nobel da Paz. Mas, sabedor da dificuldade de convencer os suecos, queria o prêmio Global 500, o mesmo que foi conferido ao sindicalista Chico Mendes, assassinado em 1988. É um prêmio concedido pela ONU. Possuelo chegou a insinuar a jornalistas a necessidade de se fazer uma campanha em favor de seu nome. Essa história ninguém me contou. O jornalista a quem ele fez o pedido sou eu. Estávamos no meu restaurante preferido quando ele tratou do assunto. Desconversei. Mas ele, finalmente conseguiu um. O de Príncipe das Astúrias, concedido pelo rei da Espanha. Não a comenda mais alta. Uma outra significativa, mas de menor "valor". Resultado, menos de uma hora depois de receber a comenda, ele a perdeu dentro de um taxi em Madrid. Nem precisa ser um profundo conhecedor das teorias de Freud para explicar a perda.
Durante sua administração, o Governo demarcou a Terra Yanomami. Sydney Possuelo até hoje canta aos quatro ventos essa vitória como se fosse fruto conquista sua e não resultado de uma campanha que contou com apoio internacional e chegou a mobilizar até mesmo o Congresso dos Estados Unidos.
A cadeira estava lá, girando a toda velocidade, pronta a derrubá-lo. E a queda veio por excesso de vaidade. Por se achar insubstituível, mandou três cartas de demissão ao ministro da Justiça, seu chefe. Na terceira, o ministro considerou um excesso. E, demitiu. Sem choro, nem vela. E Possuelo assumou o status de chefe do Departamento de Índios Isolados, cargo que ele considerava vitalício. A historinha vem na seqüência.
Seu substitute foi o indigenista Cláudio Romero. Polêmico, controverso mas, nunca, nunca mesmo, usou qualquer uma de suas funções para promoção pessoal. Pode-se discordar de suas posições, mas todas elas foram sempre em defesa dos povos indígenas com os quais trabalhou. Caíu da cadeira mais por qualidades do que por defeitos. E a cadeira ficou lá, intacta, pronta a devorar mais um.
Vamos dar um salto no tempo e chegar ao governo do presidente Lula. O primeiro dirigente escolhido para a Funai foi o jornalista Eduardo Almeida. Detentor de uma história sem senões, Eduardo não conseguiu ficar um ano inteiro sentado na cadeira.. Ele não caiu. Escorregou, tão devagarinho, que poucos perceberam que estava de saída. Sua administração foi marcada pela tibieza, pela pusilanimidade. Para não se inimizar com nenhum dos grupos que controlam a Funai, não reagiu sequer à indisciplina de seus subordinados, entre eles, Sydney Possuelo que, simplesmente se recusava a ir ás reuniões do presidente (claro, reunião de presidente, no seu universo psicológico era ele com ele) com os diretores. Possuelo jamais foi, sequer, cobrado pela insubordinação. Além disso, convidou colaboradores totalmente inexperientes e fazia vista grossa ás pequenas corrupções, como por exemplo, o passeio de uma de suas diretoras, usando o avião oficial (ou seja, pago pelo povo brasileiro) para um fim de semana aprazível no Parque do Xingu, sonho de muitos que acreditam que ali é um lugar romântico e que vão se tornar personagens vivos do romance Quarup de Antonio Callado.
Esse caso ninguém me contou. Fui testemunha. Assessorei Eduardo Almeida por 168 dias e pude ver sua cadeira se mover lentamente porque nem precisva girar tanto para derrubá-lo.
Almeida deixou seu lugar para um antropólogo. Mércio Pereira Gomes. Intelectual, livros publicados, doutorado na Universidade da Flórida e que se pretende um sucessor do genial Darcy Ribeiro. Não demorou muito e a cadeira lhe subiu à cabeça. Está quase para atingir o recorde da cadeira (por enquanto, nenhum dos presidentes conseguiu se igualar ao tempo de permanência dos generais da época da ditadura militar).
Pois bem entrando no terceiro ano á frente da Funai, Mércio que antes de sentar-se na "maldita" sempre foi um ardoroso defensor das terras indígenas, fez uma declaração na qual, para a perplexidade de todos, diz que é preciso limitar a a extensão territorial dos índios e que só o Supremo Tribunal Federal pode estabilizar essa demanda.
O próprio Mércio desmentiu os jornais. Estava propensa a acreditar mas, essa declaração não chegou sozinha, não nasceu de geração espontânea. Ela foi precedida por ação concreta. Mais explicitamente, pelo acordo negociado por Mércio Gomes com fazendeiros e madereiros para a redução de parte do território do povo Kaiapó na area denominada Baú, no Pará. Ou seja, a declaração tem sua face de verdade.
Imediatamente depois, Sydney Possuelo declara guerra a Mércio. Do alto de sua fama, diz que Mércio é tutor infiel. A resposta foi imediata. Sydney é destituído do cargo de chefe do Departamento de Índios Isolados - no qual ele jamais admitiu divider espaço com sertanista tão valorosos quanto José Meirelles, que agora o sucedeu- e desencadeou campanha imediata de antropólogos que integravam o Conselho Indigenista da Funai. Dois desses antropólogos, por questões éticas, não deveriam ter assinado a carta ao ministro na qual renunciam o cargo de conselheiro: Isa Pacheco e Gilberto Azanha. A primeira porque foi diretora do Departamento Fundiário da Funai quando Possuelo era presidente; Gilberto porque firmou contratos entre a organização não governamental que dirige (CTI- Centro de Trabalhos Indigenistas) e a Funai dirigida por Possuelo. Como todos sabem essas organizações sobrevivem financeiramente com doações internacionais por causa dos convênios assinados com órgãos públicos. Ou seja, são não governamentais apenas porque juridicamente não prestam contas ao Estado.
Esses mesmos conselheiros se calaram quando Mércio concordou com a redução do terrtitório Kayapó. Com isso, o protesto chegou quase com letras desbotadas. Mas, Mércio, está pronto a ser submetido ao ritual da cadeira. Já não consegue ficar sentado com segurança. E era esse o objetivo de Possuelo, que quer deixar de ser alma penada e ressuscitar para se vingar da cadeira.
Vocês devem estar pensando, ora se o problema é a cadeira, basta atirá-la no lixo para que todos os males se evaporem. Não. A cadeira só entrou na história por concessão poética. Ela é fria - porque nem de couro é - e não tem poder nenhum. Mas todos que a usam tornam-se imediatamente subservientes aos interesses que dilapidam o patrimônio indígena, exterminam povos inteiros e liberam as riquezas da terra à cupidez capitalista. Fruto de um Estado nacional incapaz de traçar uma política indigenista minimamente aceitável. Até porque não tem política nenhuma.
Mas o que é que se pode esperar de um país onde o governador de uma das mais miseráveis unidades da federação, que no momento enfrenta a seca que mata de sede a terra e os homens, diz que nao pode comprar um carro-pipa para distribuir água porque não tem recursos e, ao mesmo tempo, financia uma escola de samba de São Paulo para que o tema do desfile de Carnaval fale das maravilhas do estado? Nada a esperar. Nem a declarar. Refiro-me ao Piauí, governado por Wellington Dias, do Partido dos Trabalhadores.
Guardem esse nome. Um dia ele epode pode não ser eleito e, quem sabe, tornar-se mais um candidate á cadeira maldita. A Funai sempre foi um depósito de rejeitados da política partidária brasileira, não é, Mércio?.
Memélia Moreira
*Marcehal Rondon