TROPAS DE PAZ. TROPAS DE OCUPAÇÃO.
Memélia Moreira
É tênue a fronteira entre tropas de ocupação e as de paz. O Brasil já integrou esses exércitos multinacionais em missão de paz. Os casos mais recentes são de Angola e Timor Loro Sae. No caso do Haiti, por mais que a Organização das Nações Unidas insista em chamar o contingente militar que dentro de três ou quatro semanas desembarcará em Porto Princípe para manter a ??estabilidade?? do país, essas tropas são, na verdade, tropas de ocupação para garantir a permanência de um governo que chegou ao poder depois de um golpe de estado planejado e executado em conjunto pelos estados Unidos e França, com apoio do Canadá.
Ora, o Haiti tinha um presidente constitucionalmente eleito que foi obrigado a renunciar, sob a mira de rtevólver e em frente aos representantes dos Estados Unidos e da França e embarcado imediatamente num avião com destino ignorado. Jean-Bertrand Aristide além de deposto, foi sequestrado e mandado para a África do Sul. Tanto o governo americano quanto o governo francês fizeram, depois, pressões para que ele não retornasse à América Latina, quando ele anunciou sua ida para Kingstown.
Nos dias que antecederam o golpe, milícias treinadas e bem armadas atravessaram a fronteira da República Dominacana (que colaborou no golpe, bem como colabora na ocupação do Iraque) chegaram a Gonaives, enquanto a imprensa internacional classificava o golpe em marcha de ?rebelião?.
O golpe foi vitorioso e no lugar de Bertrand Aristide assumiu um ex-integrante do esquadrão da morte no Haiti que barbarizou a população durante um outro golpe de estado contra o presidente Aristide, acontecido no início da década de 90.
E é nesse cenário de incertezas que o Brasil está deslocando para o exterior maior força expedicionária, desde a Segunda Guerra Mundial. Serão 1.200 militares e mais cerca de mil tripulantes dos navios e aviões. A operação terá um custo de mais de 150 milhões de reais.
O general Américo Salvador (quanto simbolismo num só nome!) vai comandar o contigente brasileiro e o general Heleno de Freitas, um brasileiro, será o comandante-geral da Força Internacional de Paz. E esse é um ponto delicado, porque não se sabe até onde um oficial americano ou francês (de arrogância e preconceitos similares) obedecerá a voz de comando do general Heleno.
Por que a escolha de um brasileiro? Por acaso os Estado Unidos a França e até a própria ONU, têm alguma pretensão de mostrar neutralidade. Essa é uma questão que só será respondida dentro de alguns meses, ou anos. O fato é que o general Heleno de Freitas vai comandar soldados de exércitos com comportamento absolutamente condenável. Está aí a prisão de Abu Gharibi, no Iiraque, com seus casos de tortura de prisioneiros de guerra e os argelinos ainda se lembram bem das torturas a que eram submetidos pelas forças armadas francesas da dévada de 60.
Essa missão é justificada pelo Governo como um passo para que o Brasil tenha assento definitivo no Conselho de Segurança da ONU. Um Conselho de Segurança que foi totalmente desautorizado nos dias que antecederam a ocupação do Iraque pelos Estados Unidos. Portanto, apenas um posto que contempla vaidades íntimas e explícitas de um governo que, até agora, tinha na política externa seu maior trunfo por demonstrar independência. A ida ao Haiti cria, no mínimo, polêmica sobre essa independência.
A missão tem um caráter tão duvidoso quanto ao papel real da Força Internacional de Paz que já houve até manifestações contra a ida das tropas (fato inédito em se tratando de Brasil). Entre essas manifestações, cabe destacar a do deputado federal Fernando Gabeira (do Partido da Lucidez/RJ) que aponta os riscos da ocupação do Haiti.
A convicção parece também abalada até dentro do Ministério da Defesa que, sem muitops argumentos diz que a ida dos nossos soldados serivirá de ?treinamento? das Forças Armadas para enfrentar as ações de combate ao crime organizado no Rio de Janeiro. Além da gafe de confundir os ?rebeldes? haitianos com o crime organizado, esse é uma das mais fracas explicações já dadas para se gastar 150 milhões de reais.
E, o Ministério da Defesa tem tanta preocupação com a aventura na qual está se envolvendo sob o manto de ?tropas de paz? que não quer que os brasileiros sejam confundidos como uma força de repressão, por isso, vai desenvolver uma ação cívico-social. Nem precisava ir até o Caribe para isso. Poderia começar no próprio Brasil, que precisa de tropas de paz, principalmente no Rio de Janeiro.
O fato é que o Governo, em nome de uma vaidade para ter assento no tal Conselho de Segurança da ONU, está participando de uma controvertida Força de Paz da qual fazem parte representantes que promoveram o golpe de Estado no país mais pobre da América Latina. E, porque estão visados pela resistência haitiana que tenta escpar dos massacres promovidos pelos para-militares e pelos equadrões da morte que estão soltos principalmente em Porto Princípe, entregaram o comando a um brasileiro. Por que não um francês, um canadense, um americano? Quem pariu Mateus que o embale.
Memélia Moreira
É tênue a fronteira entre tropas de ocupação e as de paz. O Brasil já integrou esses exércitos multinacionais em missão de paz. Os casos mais recentes são de Angola e Timor Loro Sae. No caso do Haiti, por mais que a Organização das Nações Unidas insista em chamar o contingente militar que dentro de três ou quatro semanas desembarcará em Porto Princípe para manter a ??estabilidade?? do país, essas tropas são, na verdade, tropas de ocupação para garantir a permanência de um governo que chegou ao poder depois de um golpe de estado planejado e executado em conjunto pelos estados Unidos e França, com apoio do Canadá.
Ora, o Haiti tinha um presidente constitucionalmente eleito que foi obrigado a renunciar, sob a mira de rtevólver e em frente aos representantes dos Estados Unidos e da França e embarcado imediatamente num avião com destino ignorado. Jean-Bertrand Aristide além de deposto, foi sequestrado e mandado para a África do Sul. Tanto o governo americano quanto o governo francês fizeram, depois, pressões para que ele não retornasse à América Latina, quando ele anunciou sua ida para Kingstown.
Nos dias que antecederam o golpe, milícias treinadas e bem armadas atravessaram a fronteira da República Dominacana (que colaborou no golpe, bem como colabora na ocupação do Iraque) chegaram a Gonaives, enquanto a imprensa internacional classificava o golpe em marcha de ?rebelião?.
O golpe foi vitorioso e no lugar de Bertrand Aristide assumiu um ex-integrante do esquadrão da morte no Haiti que barbarizou a população durante um outro golpe de estado contra o presidente Aristide, acontecido no início da década de 90.
E é nesse cenário de incertezas que o Brasil está deslocando para o exterior maior força expedicionária, desde a Segunda Guerra Mundial. Serão 1.200 militares e mais cerca de mil tripulantes dos navios e aviões. A operação terá um custo de mais de 150 milhões de reais.
O general Américo Salvador (quanto simbolismo num só nome!) vai comandar o contigente brasileiro e o general Heleno de Freitas, um brasileiro, será o comandante-geral da Força Internacional de Paz. E esse é um ponto delicado, porque não se sabe até onde um oficial americano ou francês (de arrogância e preconceitos similares) obedecerá a voz de comando do general Heleno.
Por que a escolha de um brasileiro? Por acaso os Estado Unidos a França e até a própria ONU, têm alguma pretensão de mostrar neutralidade. Essa é uma questão que só será respondida dentro de alguns meses, ou anos. O fato é que o general Heleno de Freitas vai comandar soldados de exércitos com comportamento absolutamente condenável. Está aí a prisão de Abu Gharibi, no Iiraque, com seus casos de tortura de prisioneiros de guerra e os argelinos ainda se lembram bem das torturas a que eram submetidos pelas forças armadas francesas da dévada de 60.
Essa missão é justificada pelo Governo como um passo para que o Brasil tenha assento definitivo no Conselho de Segurança da ONU. Um Conselho de Segurança que foi totalmente desautorizado nos dias que antecederam a ocupação do Iraque pelos Estados Unidos. Portanto, apenas um posto que contempla vaidades íntimas e explícitas de um governo que, até agora, tinha na política externa seu maior trunfo por demonstrar independência. A ida ao Haiti cria, no mínimo, polêmica sobre essa independência.
A missão tem um caráter tão duvidoso quanto ao papel real da Força Internacional de Paz que já houve até manifestações contra a ida das tropas (fato inédito em se tratando de Brasil). Entre essas manifestações, cabe destacar a do deputado federal Fernando Gabeira (do Partido da Lucidez/RJ) que aponta os riscos da ocupação do Haiti.
A convicção parece também abalada até dentro do Ministério da Defesa que, sem muitops argumentos diz que a ida dos nossos soldados serivirá de ?treinamento? das Forças Armadas para enfrentar as ações de combate ao crime organizado no Rio de Janeiro. Além da gafe de confundir os ?rebeldes? haitianos com o crime organizado, esse é uma das mais fracas explicações já dadas para se gastar 150 milhões de reais.
E, o Ministério da Defesa tem tanta preocupação com a aventura na qual está se envolvendo sob o manto de ?tropas de paz? que não quer que os brasileiros sejam confundidos como uma força de repressão, por isso, vai desenvolver uma ação cívico-social. Nem precisava ir até o Caribe para isso. Poderia começar no próprio Brasil, que precisa de tropas de paz, principalmente no Rio de Janeiro.
O fato é que o Governo, em nome de uma vaidade para ter assento no tal Conselho de Segurança da ONU, está participando de uma controvertida Força de Paz da qual fazem parte representantes que promoveram o golpe de Estado no país mais pobre da América Latina. E, porque estão visados pela resistência haitiana que tenta escpar dos massacres promovidos pelos para-militares e pelos equadrões da morte que estão soltos principalmente em Porto Princípe, entregaram o comando a um brasileiro. Por que não um francês, um canadense, um americano? Quem pariu Mateus que o embale.
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