NAS ENTRELINHAS                                 


EM DEBATE

de Memélia Moreira

Terça-feira, Maio 25, 2004

O MÍNIMO E A SAÚDE DO BRASIL É A PAUTA DA SEMANA

Mário Lima Filho

A briga em torno do novo valor do salário mínimo continua, e a Executiva Nacional do PT, reunida em São Paulo, no último final de semana, aprovou resolução de apoio ao valor apresentado pelo Executivo, que é de R$ 260. Mas a ala mais esquerda do partido promete lutar por um valor maior.
A Executiva reconhece que o valor é baixo, mas alega que o problema já vem de governos anteriores, e que a Previdência entrará em colapso, caso seja aprovado um outro montante. Por isso, o presidente do PT tenta fechar acordo com o "grupo dos 30", como é conhecida a ala radical do partido, para que votem pela aprovação.
Já os radicais não escondem a insatisfação e não deram nenhuma garantia de apoio à resolução. Está agendada para esta terça (25) reunião do "grupo dos 30", onde será discutida uma interlocução com o presidente Lua, que neste momento se encontra na China, tentando fechar negócios com aquele governo, entre eles, investimentos em obras de infra-estrutura no Brasil.
O grupo pretende reunir os descontentes da base aliada com o valor do mínimo e tentar fazer pressão para que o governo libere um valor que se aproxime aos U$ 100.
O 13, número que representa a legenda petista, está dando sinal de evidências, porque não é de hoje que a coisa anda ruim para o lado do partido. Primeiro, a expulsão de companheiros emblemáticos do partido; segundo, o caso Waldomiro, que deixou todos estarrecidos com gravações que comprovaram o envolvimento do assessor da Casa Civil, em negociações com bicheiros e outras falcatruas; terceiro, o descontentamento geral da Nação, e pra fechar o assunto, a Operação Vampiro, que já ocasionou a exoneração de mais de dez funcionários do Ministério da Saúde, inclusive do diretor-executivo do Fundo Nacional da Saúde, Reginaldo Muniz Barreto. A medida, chamada pelo ministério de "preventiva" foi adotada devido a apurações da Policia Federal sobre irregularidades em licitações para compra de hemoderivados, desde o início da década de 90.
Desde a implantação da Operação Vampiro, já foram afastados 25 servidores da Saúde, inclusive o ex-corrdenador-geral de Recursos Logísticos, Luiz Cláudio Gomes da Silva, nomeado pelo ministro da Saúde Humberto Costa.
Toda essa confusão já começa a refletir na comunidade petista. Já é comum se ver pregado nos carros que circulam em Brasília, adesivos em que o eleitor se mostra decepcionado com o governo Lula. Entre os já visto, chama a atenção o que diz o seguinte: OPTtei pelo PT, mas vejo que me enganei. Ou seja, é a insatisfação que toma conta dos milhões de brasileiros que acreditaram em uma mudança, que foi ostensivamente pregada em campanha e nos palanques vermelhos que rodaram todo o País.
O PT do Distrito Federal também está tendo a sua maré de azar. Desde que circulou na imprensa que o candidato ao governo, o ex-deputado Geraldo Magela, tinha recebido doação de R$ 100 mil do ex-assessor da Casa Civil, Valdomiro Diniz, para financiamento de campanha, que acareações são feitas para apurar o caso.
Dessa vez quem será submetido à acareação será o ex-tesoureiro de campanha do petista Geraldo Magela, Paulo Guilherme Wairs, que ficará frente-a-frente com Waldomiro diniz, na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, na CPI da Alerj.
Paulo Wairs classificou de "fantasiosa" a afirmação de que a campanha de Magela recebeu dinheiro de Diniz. Os recursos da doação, que o Waldomiro afirma ter repassado à campanha de Magela, teriam sido provenientes da cobrança de propina de Carlinhos Cachoeira.
Apesar de ter negado a doação, Paulo Guilherne, entretanto, admitiu que mantém laços de amizade com Waldomiro Diniz desde 1995 quando ocupava a chefia da Assesoria do Plenário da Câmara Legislativa do DF. À época, Geraldo Magela era deputado distrital e presidente da Casa, e Waldomiro trabalhava como assessor do então governador do DF, Cristóvam Buarque (PT).
É hora do PT mandar benzer a legenda e reverter o quadro negativo que está sendo pintado pelos próprios companheiros, caso contrário o PT cairá no total descrédito e não elegerá nem vereador.